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Os valores segundo Paulo

Matéria constante da revista “Reformador” de fevereiro de 2015

Em epístola dirigida a Timóteo – orientado por Paulo de Tarso desde a juventude e mais localizado em Éfeso -, o “apóstolo da gentilidade” tece alguns comentários e propõe recomendações:

Por:  Antonio Cesar Perri de Carvalho

Esta afirmação é digna de confiança:  Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função.  (Timóteo, 3:1.)

Mais à frente refere-se também a: “Os diáconos igualmente devem ser dignos [...]”. (I Timóteo, 3:8.)

Abstraindo-se da tradução e significação da palavra “bispo” que podemos compreender como dirigente ou líder, bem como das atribuições do diácono, que podemos entender como “ajudante”,  cremos seja possível trazer as orientações gerais para o contexto espírita de nossa atualidade.

De início torna-se oportuna a consideração sobre o jovem Timóteo:

[...] Na mesma noite da chegada, observou a ternura com que Timóteo, tendo pouco mais de treze anos, tomava os pergaminhos da lei de Moisés e os Escritos dos Profetas. [...]  

[...] Tal como em Nea-Pafos, estabeleceram em um casebre muito humilde a sede das atividades de informações e de auxílio.  Em lugar de João Marcos, era Timóteo quem auxiliava em todos os misteres. [...]

Paulo valorizou e contou com o apoio de jovens, entre eles Timóteo, que veio a ser um de seus seguidores e foi o destinatário da Epístola que ora focamos.

Nos versículos 3 e 4 da referida Epístola, Paulo faz várias recomendações de caráter pessoal e familiar.  Todavia, algumas orientações são bem gerais e aplicáveis ao trabalho do seareiro do Cristo, por exemplo:

[...] seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar;

Não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro.

Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade.

Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça [...]

Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada [...]

[...] devem ser dignos, homens da palavra, não amigos de muito vinho nem de lucros desonestos.  Devem apegar-se ao mistério da fé com a consciência limpa.  Devem ser primeiramente experimentados [...]

[...] Os que servirem bem alcançaram uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus.

Escrevo-lhe estas coisas, embora espere ir vê-lo em breve; mas, se eu demorar, saiba como as pessoas devem comportar-se na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade. (Timóteo, 3:2 a 4:6 a 10; 13 a 15.)

Eis alguns dos valores apresentados por Paulo a Timóteo, que destacamos e relacionamos com o notável exegeta Emmanuel, comentando cartas paulinas.

- Sóbrio, prudente, respeitável, amável, pacífico:

Ter cuidado consigo mesmo é trabalhar na salvação própria e na redenção alheia.  Esse o caminho lógico para a aquisição de valores eternos.

Guardai-vos das atitudes dos murmuradores irresponsáveis.

 

Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.

[...] É, pautando no bom senso as nossas atitudes mentais, indaguemos de nós mesmos se possuímos bastante elevação para ver, ouvir e compreender-lhe o espírito glorioso. [...]

O Evangelho não nos diz que Paulo de Tarso fazia maravilhas, mas que Deus operava maravilhas extraordinárias por intermédio das mãos dele.

- Devem ser dignos, homens de palavra:

[...]   segundo os conhecimentos que possuímos, por “acréscimo de misericórdia”, já é tempo de cooperarmos fielmente com Deus, no desempenho de nossa tarefa humilde.”

 

- Consciência limpa; comportar-se na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade. – Hospitaleiro:

A fraternidade pura é o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas.

 

- Não deve ser apegado ao vinho, ao dinheiro, nem a lucros desonestos:

O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que só a tua consciência pode analisar à claridade divina, é um amigo que busca a orientação sadia e o conselho humanitário.  Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializares essa força benéfica no sombrio edifício da iniquidade!

 

- Governar bem sua própria família, [...] com toda dignidade:

 

Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda  discípulo a cooperar em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.

 

- Não pode ser recém-convertido, deve ser primeiramente experimentado:

 

Em qualquer posição e em qualquer tempo, estamos  cercados pelas possibilidades de serviço com o salvador.  E, para todos nós, que recebemos as dádivas, de mil modos diversos, foi pronunciado o sublime desafio:  “E agora por que te deténs?”.

Prossigo para o alvo.  (Filipenses, 3:14.)

 

Quando Paulo escreveu aos Filipenses, já possuía vasta experiência de apostolado.

 

[...] O convertido de Damasco, no entanto, jamais desanimou, prosseguindo, invarialmente, para o alvo, que, ainda é sempre, é a união divina do discípulo com o Mestre.

Quantos aprendizes estarão, atualmente dispostos ao grande exemplo?

Espalham-se, em vão, os convites ao sublime banquete, debalde envia Jesus mensageiros aos estudantes novos, revelando a excelência da vida superior. [...]

- Não se ensoberbece:

Muita vez, superestimando nossos valores, acreditamo-nos privilegiados na arte da elevação.  E, em tais circunstâncias, costumamos esquecer, impensadamente, que outros estão fazendo pelo bem muito mais que nós mesmos.

Em todas essas situações, na maioria dos casos, quem dá se revela um tanto melhor que todo aquele que não dá, de mente cristalizada na indiferença ou na secura; todavia, para aquele que dá, irradiando o amor silencioso, sem propósitos de recompensa e sem mescla de personalismo inferior, reserva o Plano maior o título de Irmão.

Somente  os que ajuízam, acerca da ignorância própria, respeitando o domínio das circunstância que desconhecem, são capazes de produzir frutos de perfeição com as dádivas de Deus que já possuem.

- Boa reputação perante os de fora:

Se é discípulo do Senhor, aproveita a oportunidade na construção do bem.  Semeando paz, colherás harmonia; santificando as horas com o Cristo, jamais conhecerá o desamparo.

Cristo possui embaixadores permanentes em seus discípulos sinceros.

Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o intermediário do Mestre, em qualquer parte.

 

Os valores comentados por Paulo na epístola a Timóteo trazem subsídios para o Movimento Espírita de nossos dias, no tocante à preparação de trabalhadores e dirigentes.  São valores que devem merecer o estudo e a reflexão, porque não se trata de requisitos técnicos, mas notadamente humanísticos e, sem dúvida, cristãos.

 

A nosso ver, são subsídios que podem ser acrescentados às ações fundamentadas na obra Orientação aos órgãos de unificação, em que há, no capítulo “Gestão federativa”, recomendação para “incentivar a preparação e o aperfeiçoamento contínuo de equipes com vistas ao atendimento das necessidades do trabalho federativo e também à renovação de trabalhadores”, que se encontra em coerência com a Diretriz 7 – “A capacitação do trabalhador espírita” do “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2013-2017)”.

 

Durante as reuniões das Comissões Regionais do CFN de 2013, dentro da programação de seminário sobre gestão, apresentamos alguns perfis para dirigentes de centros e de trabalhadores da Área Federativa, compatíveis com as orientações de Paulo e os textos aprovados pelo CFN da FEB: conhecimento doutrinário e de compromisso com a prática dos ensinos do Cristo à luz da Codificação Espírita; capacidade de gestão, coordenação de atividades e liderança; visibilidade – com trabalho realizado e já conhecido no Movimento Espírita; vivência na sua base, que é o Centro Espírita; mobilidade – disponibilidade para viagens em função das atividades abrangentes; conhecimento sobre o Movimento Espírita; visão sobre a missão do Espiritismo em suas expressões internacionais; afinidade com o trabalho federativo; dedicação ao trabalho federativo; dispositivo para um trabalho harmonioso e em equipe; disposição para a renúncia a ações de natureza pessoal, privilegiando as atividades institucionais.

 

Em síntese, as colocações de Emmanuel são pertinentes e oportunas:

 

Os aprendizes da Boa Nova constituem a instrumentalidade do Senhor.  Sabemos que, coletivamente, permanecem todos empenhados em servi-lo, entretanto, ninguém olvide a necessidade de afinar a trombeta dos sentimentos e pensamentos pelo diapasão do divino Mestre, para que a interferência individual não se faça nota dissonante no sublime concerto do serviço redentor.

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